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Destaques

Atriz protesta nua no 'Oscar da França' contra falta de apoio para cultura na pandemia

Uma atriz francesa protestou nua nesta sexta-feira (12/03) no Prêmio César — o mais importante do cinema francês — dominado por reivindicações para que o governo faça mais para apoiar a cultura durante a pandemia do coronavírus. Os cinemas estão fechados na França há mais de três meses. BBC News  Corinne Masiero foi convidada para apresentar o prêmio de melhor figurino na cerimônia, que foi realizada com distanciamento social dos convidados. Ela vestiu uma fantasia de pele de burro. No palco, ela tirou a pele, revelando um vestido manchado de sangue, antes de se despir. Corinne Masiero (à esquerda) foi convidada para a cerimônia para apresentar um prêmio... e assim foi como ela terminou | EPA No seu corpo, estava escrita a mensagem "Sem cultura, sem futuro". E apelando diretamente ao primeiro-ministro francês Jean Castex, Masiero tinha outro slogan escrito nas suas costas que dizia: "Devolva a arte, Jean". Outros atores e diretores fizeram exigências semelhantes dur

Tesouros da arte: Fotografias, pinturas e projetos

Tesouros da arte: Fotografias, pinturas e projetos
Este livro encantador combina obras de arte deslumbrantes de várias partes do mundo com fantásticos projetos, que trarão muita inspiração a você! Inclui pinturas europeias famosas, delicadas impressões japonesas e máscaras africanas tradicionais. Cada obra é acompanhada por um projeto baseado nas ideias ou métodos utilizados pelos artistas.

Vadim Sidur, quando a arte nasce da guerra e do lixo

A arte de Vadim Sidur era audaciosa demais para o realismo socialista conservador. Hoje, suas obras de arte podem ser encontradas por toda a Alemanha. Mas ele ainda é pouco conhecido na Rússia.


Aleksandra Güzeva | Russia Beyond

A escultura mais famosa de Vadim Sidur (1924 a 1986) é “Ferida”, que conceitua o próprio artista – um inválido da Segunda Guerra Mundial. Sidur tinha 18 anos quando foi recrutado e enviado para a frente de batalha. Em 1944, a bala de um franco-atirador alemão destruiu a mandíbula e esmagou metade do rosto do jovem soviético. 


No estúdio | Moscow State Exhibition Hall ‘Manege’/russiainphoto.ru 


Sidur partiu então para o underground, ganhando a vida com a projeção de lápides.

Milagrosamente, Sidur sobreviveu. Mas os horrores da guerra ficaram impressos em seu rosto e, durante toda a vida, usou barba para esconder os vestígios da lesão. Para se libertar das terríveis lembranças, ele começou a canalizá-las em sua arte.

O tema de pessoas com deficiência e do sofrimento fazem parte de suas esculturas, gráficos e pratos de cerâmica pintados. Sem pernas nem braços, os veteranos de Sidur abraçam seus entes queridos e dançam alegremente.

Ferido | Eduard Gladkov/From MMOMA collection/Vadim Sidur Museum

Em seu desejo apaixonado por paz e criação, em oposição a guerra e destruição, Sidur se voltou constantemente para os temas do amor, do nascimento humano e da essência feminina. Essa busca o levou, por vezes, a experimentos bastante eróticos.

Sidur dedicou a maior parte de sua vida adulta à representação dos mortos e feridos em várias guerras, e todas as suas esculturas estão imbuídas de grande tristeza.

Sidur e suas esculturas | Moscow State Exhibition Hall ‘Manege’/russiainphoto.ru

Muitas das pequenas obras de Sidur acabaram sendo percebidas como monumentos antiguerra na Alemanha.

O escultor deve sua popularidade na Alemanha sobretudo ao estudioso eslavo Karl Eimermacher, que admirava seu trabalho, e que organizou as primeiras exposições de Sidur fora da União Soviética.

“Monumento às Vítimas de Coerção”, Kassel, Alemanha | Daniel Lobo (CC BY 2.0)

“Centenas, milhares, milhões de pessoas morreram devido a violência. Balas, forca, bombas, câmaras de gás, campos de concentração, tortura, pena de morte – essa lista é interminável. Parece que um dia iria parar! Mas a humanidade, como se despojada da razão, não aprende com nada”, disse Sidur em entrevista a Eimermacher.

Em 1962, o secretário-geral Nikita Khruschov expressou extremo descontentamento com uma exposição de arte contemporânea em Moscou, e isso estabeleceu uma tendência oficial contra qualquer indício de arte abstrata. Somente algo compreensível (e patriótico) poderia ser retratado em pinturas e esculturas.

“O Apelo”, Düsseldorf | Scoderks (CC BY-SA 4.0)

Na URSS, a arte de Sidur não foi apreciada: suas esculturas eram vanguardistas e carentes de heroísmo. Sua arte mostrava o sofrimento e a fraqueza das pessoas, não os feitos vitoriosos. Sua popularidade no exterior piorou as coisas ainda mais, e logo Sidur se tornou uma pessoa visada pelos serviços de segurança.

Sidur foi ameaçado de expulsão da União dos Artistas da URSS. Para um escultor naquela época, isso significava que perderia sua oficina e seria incapaz de se envolver profissionalmente em qualquer trabalho criativo.

Sidur partiu então para o underground, ganhando a vida com a projeção de lápides.

No entanto, o artista não parou de se importar com o destino da humanidade. Na década de 1970, começou a percorrer as florestas e coletar metais descartados. Sidur alegou que estava limpando os bosques, salvando-os de humanos irracionais. E, em pouco tempo, esse lixo todo se tornou matéria-prima para trabalhos artísticos.

“Ao andar em uma floresta, não consigo passar batido por nenhum [depósito de lixo],
É aqui
Que eu encontrei vários objetos
Que mais tarde expressaram
Minha atitude em relação ao mundo.”

Sidur descreveu o gênero de seu trabalho como Grob-Art (literalmente, Arte-Caixão).

Somente depois da perestroika que as esculturas de Sidur ganharam notoriedade pública na Rússia. Em 1991, após sua morte, um monumento aos judeus mortos na Segunda Guerra Mundial foi erguido perto de São Petersburgo.

Em 1992, um monumento aos soldados soviéticos que lutaram no Afeganistão, chamado “Monumento aos que permaneceram sem sepultamento”, surgiu perto do Museu Sidur, em Moscou. Os moradores locais o apelidaram de “mães de luto”, porque retratam três figuras de mulheres curvadas em uma dor inconsolável sobre o túmulo de seus filhos, que nunca mais verão.

Museu Vadim Sidur, “Salomé com a cabeça de João Batista”

Sidur não pertencia a nenhum movimento artístico. Não era um realista socialista e não participou de exposições coletivas de arte soviética não oficial. Buscou seu próprio caminho e linguagem e se autodenominava “alienígena de outro planeta”.

Este ano marca o 30º aniversário da inauguração do Museu Sidur, em Moscou.


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